RESENHA // Divergente

**ATENÇÃO: O artigo a seguir pode conter spoilers sobre o livro Divergente de “Veronica Roth” (Rocco)**

O livro me intrigou desde o começo. Na Bienal de São Paulo de 2012 não se falava de outra coisa a não ser de Divergente (A não ser é claro, do One Direction, que parecia ser mais importante do que os livros).  Foi lá que recebi o primeiro capítulo de graça, e foi a primeira vez que me foi dito que se parecia com Jogos Vorazes. Estava órfã, e, fragilizada, me pus a ler de uma vez.

Minha primeira impressão era que a história era sobre uma garota depressiva vivendo sob um forte regime ditatório. A primeira página diz que ela não tem permissão para se olhar no espelho exceto uma vez a cada três meses quando sua mãe corta seu cabelo. Suas palavras me dão a impressão de que ela não passa de uma criança. O absurdo disso fez meu coração sofrer e me abstrai da história, negando-me até mesmo a terminar de ler seu primeiro capítulo. Por insistência da minha mãe, comprei uma cópia e posicionei-o na minha lista de leitura.

Minha primeira impressão não podia estar mais errada. O livro conta a história de Beatrice, ou Tris, que pertence à uma facção da Chicago futurista chamada Abnegação. O objetivo dessa facção é ser altruísta e ajudar os membros de todas as outras, e por mais que tente, Beatrice não se sente adequada na facção em que nasceu. Ela não pode se ver no espelho, não pode comemorar aniversários, e tocar, até mesmo seus familiares e amigos, é visto com maus olhos. Isso, somado aos constantes ataques da facção da Erudição, a convencem de que, na cerimônia de escolha, onde ela escolhe onde vai ficar pelo resto da vida, ela tem que sair dali, já que tem dificuldades de ser altruísta como seus familiares.

Pouco antes da escolha, há um teste, que revela que ela é uma Divergente. Não somos apresentados ao significado disso até metade do livro.

Por fim ela escolhe sair de sua casa, e se juntar à uma outra facção, muito mais mordaz e fatal do que tudo o que já tinha conhecido. O caminho para entrar nesta facção é muito mais tortuoso do que parece a princípio e, a competição que se segue, é o que acho que faz as pessoas associarem o livro aos Jogos Vorazes. Mas a verdade é outra, pelo menos, na minha opinião.

Em Divergente, não há apenas um vencedor, há 10, e os outros não morrem, apenas são expulsos da sociedade e abandonados à própria sorte como Sem-Facção. Se me perguntarem, posso dizer com segurança, que Divergente, não se parece tanto com Jogos Vorazes, como se parece com Feios, de Scott Westernfeld. Ambas as protagonistas, tanto Tally, quanto Tris, mostram uma grande dificuldade para vencer seus medos, e são forçadas, com apenas 16 anos a levar uma revolução adiante. E o que está em jogo em ambas as publicações, são, além das vidas delas, das pessoas que amam, e de seus mundos inteiros, a liberdade de seus pensamentos.

O livro trata principalmente de onde se encontra a linha que separa extremos: O altruísmo e a coragem são assim tão diferentes? A busca pelo conhecimento leva mesmo apenas para caminhos ruins. E novamente, um tema que os escritores modernos estão explorando ao máximo: O ser humano pode viver em paz? Ou tem a necessidade de guerra e de sobrepujar aos outros?

Não recomendaria o livro à fãs de Jogos Vorazes exclusivamente. Apesar de toda a brutalidade dos jogos, Panem representa algo fácil de fazer, que poderíamos vir a fazer no futuro. Divergente vai para um caminho mais fictício, uma linha baseada mais na personalidade humana, e não na divisão do trabalho. Recomendo-o à fãs de Feios, de Estilhaça-me, de A Hospedeira, de A Passagem, e por fim de Jogos Vorazes. Aconselho a jovens leitores de ficção científica, que não tenham medo de se aventurar em terreno desconhecido.

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